Ir. Paula Ramos, OSB
Difundiu-se bem rapidamente entre as pessoas interessadas em realizar uma Liturgia que seja ativa, consciente e frutuosamente participada, a idéia da utilidade dos símbolos. O que não se difundiu concomitantemente foi a noção apropriada do que seja um símbolo. Começou-se então, arbitrariamente, a dar o nome de símbolo à maior diversidade de objetos. Muitos desses objetos estavam privados de qualquer força simbólica ou evocativa. Ou então faziam-se as ligações mais inesperadas e inadequadas entre
eles e aquilo que se celebrava. Lembro-me de uma celebração eucarística em que alguém colocou defronte do altar, em qualquer canto do tapete, um velho par de chinelos, que ali ficou esquecido até o fim da missa.
eles e aquilo que se celebrava. Lembro-me de uma celebração eucarística em que alguém colocou defronte do altar, em qualquer canto do tapete, um velho par de chinelos, que ali ficou esquecido até o fim da missa.
Em uma de suas conferências, Pe. Marcelo tratou conosco da dificuldade de lidar com os símbolos. Tomando uma distinção feita por Jung, fez-nos ver a diferença entre símbolo e signo.O signo é sempre uma representação, fruto de uma convenção. O símbolo, porém, não representa nada é uma realidade. O fogo é fogo, simplesmente.
O signo refere-se à dimensão intelectual, transmite uma informação. O símbolo ( palavra derivada do grego, que significa juntar, unir as duas partes de um objeto rompido para identificar os seus portadores) unifica os aspectos diversos do ser humano e unifica, em torno de si a comunidade. O símbolo tem uma repercussão que o signo não tem – toca a profundidade afetiva das pessoas. O signo aponta para uma realidade diferente de si . O símbolo atrai para si mesmo e provoca a uma ação: tocar, beber, ungir, lavar, vestir, cheirar.
Podemos dizer que os símbolos não se criam: estão aí e os descobrimos. Os sinais e signos, ao contrário, são criados por nós e ficam amarrados à nossa interpretação.
A Liturgia usa sinais e símbolos mas não devemos dar a uns o nome e a função dos outros.
O mais fecundo seria conduzirmos nossa assembléia de celebração a aprofundar os símbolos que a própria liturgia nos oferece: a água, a luz, o óleo, o pão, o vinho, as trevas, o incenso, os sons, o perfume, o silêncio, a inclinação profunda, as cores, as flores, as vestes, e outros mais aos quais deixamos de prestar maior atenção.
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